
Reforma Tributária no Brasil: o que muda para quem tem empresa
Introdução
A reforma tributária é um dos assuntos mais comentados no mundo dos negócios atualmente. Ela foi criada para simplificar o sistema de impostos no Brasil, que é conhecido por ser um dos mais complicados do mundo. Quem tem empresa, independentemente do tamanho, será impactado de alguma forma. Por isso, entender o que está por vir é essencial para se preparar e evitar surpresas.
Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que muda com a reforma, como funciona o período de transição e o que você, empreendedor, precisa fazer para se adaptar.
Contexto e objetivos da reforma
Hoje, o sistema tributário brasileiro é cheio de regras diferentes, tributos sobrepostos e uma burocracia que consome tempo e energia das empresas. Muitas vezes, até quem paga tudo corretamente enfrenta dificuldades com interpretações diferentes da lei ou com o acúmulo de obrigações acessórias.
A reforma tributária surge para atacar exatamente esses pontos:
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Simplificação: reduzir a quantidade de impostos que as empresas precisam calcular e pagar.
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Transparência: deixar mais claro quanto se paga de imposto em cada operação.
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Menos burocracia: diminuir formulários, guias e obrigações que hoje tomam horas de trabalho.
Em resumo, o objetivo é tornar o ambiente de negócios mais eficiente e previsível, ajudando tanto empresas quanto consumidores.
Principais mudanças previstas
A reforma cria dois novos tributos que vão substituir vários que existem hoje:
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CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): será federal e vai substituir PIS e Cofins.
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IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): será compartilhado entre estados e municípios, substituindo ICMS e ISS.
O modelo que está sendo adotado é inspirado no padrão europeu, baseado no IVA (Imposto sobre Valor Agregado), em que o imposto é cobrado em todas as etapas da cadeia produtiva, mas com crédito para o que já foi pago na etapa anterior. Isso evita a chamada “cascata” de impostos, onde se paga tributo em cima de tributo.
Quando começa a valer
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2026: começa o período de transição, com alíquota-teste bem reduzida para que empresas se adaptem.
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2027 em diante: o sistema atual começa a ser substituído gradualmente.
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Simples Nacional: não será alterado, mas empresas que vendem para o Simples terão impactos indiretos.
Impacto por regime
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Lucro presumido e lucro real: essas empresas sentirão a mudança de forma mais direta, porque deixarão de lidar com PIS, Cofins, ICMS e ISS e passarão a trabalhar com CBS e IBS.
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Simples Nacional: continua como está, mas vale acompanhar as mudanças, já que seus fornecedores ou clientes podem ter alterações nos preços.
O que muda para o empreendedor
Na prática, o novo sistema vai funcionar de forma parecida com o que já existe em diversos países. Cada empresa paga imposto sobre o valor que agrega ao produto ou serviço. Se você compra insumos, paga o imposto sobre eles, mas pode descontar esse valor quando vender o produto final.
Exemplo simples
Imagine que uma fábrica compre matéria-prima por R$ 100 e pague R$ 10 de imposto. Ao transformar essa matéria-prima em produto e vender por R$ 200, o imposto devido será calculado apenas sobre o valor agregado (R$ 100 de diferença). Assim, ela abate os R$ 10 que já pagou e recolhe apenas o imposto sobre o que realmente gerou de valor.
Pontos positivos
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Menos guias e declarações para preencher.
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Mais clareza sobre quanto se paga de imposto.
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Redução do efeito cascata, que muitas vezes encarece o produto final.
Desafios
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Empresas precisarão se adaptar a um novo modelo de cálculo.
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Softwares de gestão e emissão de notas fiscais precisarão ser ajustados.
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Empreendedores terão de aprender novas regras para não correr riscos.
Impactos no consumidor e no mercado
Para os consumidores, a reforma pode trazer preços mais transparentes. Como o imposto ficará destacado de forma clara, será possível ver quanto se paga em cada compra. No médio prazo, espera-se que a redução da cumulatividade ajude a equilibrar preços, mas isso não significa que todos os produtos vão ficar mais baratos.
No mercado, a tendência é que empresas mais organizadas e que se adaptarem rápido ganhem competitividade. Haverá, sim, custos de adaptação no início, mas a longo prazo o ambiente de negócios deve ficar mais saudável.
Preparação das empresas
Embora as mudanças mais profundas comecem a partir de 2027, o período de adaptação já começa em 2026. Isso significa que 2025 deve ser o ano da preparação. Algumas ações práticas para o empreendedor são:
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Acompanhar informações oficiais: muitas regras ainda serão detalhadas por lei complementar.
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Atualizar sistemas de gestão: para garantir que notas fiscais e relatórios estejam alinhados com as novas exigências.
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Treinar a equipe: principalmente os setores financeiro e administrativo.
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Contar com apoio contábil: o papel da contabilidade será fundamental para orientar, simular cenários e garantir que a empresa aproveite créditos e evite problemas.
Um bom contador não será apenas quem “faz impostos”, mas um parceiro estratégico para ajudar o empresário a navegar por essa transição.
Conclusão
A reforma tributária é, sem dúvida, um marco importante para o Brasil. Embora traga desafios, ela também representa a chance de termos um sistema mais claro, simples e eficiente. Para o empreendedor, o segredo é não esperar até 2027: a preparação precisa começar agora.
A informação e o planejamento são as melhores ferramentas para atravessar esse período com segurança. E contar com uma contabilidade de confiança pode ser o diferencial entre ter dores de cabeça ou transformar essa mudança em oportunidade de crescimento.